Só os puros entenderão este texto!
"Ouvi e entendei" diz Jesus. Quando se refere ao Evangelho o entendimento é um presente dado por Deus, é um "abrir de olhos", como que uma luz lançada na alma descortinando uma maneira nova de enxergar a Deus, a si mesmo e os outros. Diante dessa luz todas as coisas tomam seu lugar, o coração é aquecido, como se tudo aquilo que sempre tivemos como convicção mas profunda da verdade em nosso ser viesse a tona de modo simples e surpreendente. Contudo, é preciso que esse nous (entendimenmto) seja, como que, aberto, e só o Evangelho pode nos revelar a verdade. Verdade que sempre soubemos em nossa alma como sussuros ao pé do ouvido da consciência. Todavia essa verdade iluminadora ainda não nos era acessível à consciência de modo claro.
Até porque, o que nos ensinam a respeito de Deus e de nós mesmos geralmente não coincide com a verdade que nos habita. Pois as "autoridades" responsáveis por "abrirem" o conecimento de Deus às pessoas estãos com suas mentes e consciências corrompidas. E mais, estamos muito distantes de nós mesmos para nos ouvir, para ouvir o Espírito. Sendo assim, preferimos crer nas "autoridades" corruptas da religião mesmo que suas palavras anulem a verdade no mais profundo de nossa alma.
Deste modo, ao ouvir o Evangelho de Jesus toda a verdade inconsciente que nos habita toma lugar na nossa consciência, ouvir o evangelho de Jesus como ele o é nos faz ouvir a voz do Espírito em nosso ser, nos faz dizer com um sorriso nos lábios "é isso!". E este "é isso!" torna-se nosso projeto existencial por exelência, o Evangelho. Então me deixa lançar um pouco de luz na sua alma... "abriu-lhes (Jesus) o entendimento para que entendessem as escrituras..." Mt 24.45
Segundo as palavras de Jesus transcritas no primeiro parágrafo deste texto em itálico, "Ouvi e entendei!", que sua mente se abra para a verdade e que a verdade encontre casa no seu peito, como um hóspede folgado que alcança todos os ambientes sem nem pedir licença.
Ainda sobre as palavras de Jesus, veja:
1. "Não é o que entra pela boca que torna o homem impuro..." = Ou seja, não há nada fora do homem que tenha valor intrísico em si mesmo. Não há nada fora do ser humano que seja puro ou impuro. Deus não considera algumas coisas puras e outras impuras. Sendo assim, o contato com determinadas "coisas" não faz do homem mais ou memos puro, ou santo... Logo, nossa "salvação (ser aceito por Deus)" não está condicionada a "coisas" externas a nós mesmos. "Não posso 'a' porque é pecado", "não faço 'b' porque Deus não se agrada", "não posso ir em 'c' porque...". O certo e o errado não são qualificados nas coisas em si. Não existe certo ou errado nas coisas em si. Um objeto, comida, bebida, lugar certo (enfim, tudo que nos seja externo) e outros que sejam errados. De modo que nós qualificamos até pessoas, "pecadoras", "santas", "ímpios", "salvos", que absurdo!
Sai dessa, não há nada, nada, fora de nós que possa nos fazer mais ou menos "puros", "santos", "salvos", nada!
2. "mas o que sai da boa, isto sim torna o homem impuro" = No entanto, aquilo que sai da nossa boca, isso sim faz de nós puros ou impuros. Ou seja, bons ou maus. Pelo simples fato de que somos nós que atribuimos valores ás coisas, somos nós, em nossas mentes que atribuimos julgamento de certo ou errado, puro ou impuro às coisas. As coisas em si não possuem valor, não são certas ou erradas, somos nós que atribuimos a elas tal valor ou qualidade.
E a verdade bombástica é que nós valoramos o mundo, as coisas e as pessoas à nossa volta segundo aquilo que temos dentro de nós. Sendo assim, o mundo é tão puro quanto eu o sou em meu interior, ou, o mundo é tão impuro quanto eu o sou em meu interior.
Nas palavras de Paulo:
"Tenho para mim que nada em si é impuro" (carta de paulo a Coríntios)
"Para os puros, todas as coisas são puras, mas para os impuros e descrentes, nada é puro; tanto a mente quanto a consciência deles estão corrompidas." (Carta de paulo a Tito 1.5)
Portanto, veja, para o espírito religioso quanto mais enxergarmos impureza nas coisas e nas pessoas, mais "santos" somos, todavia, para Jesus, com quanto mais pureza enxergarmos as pessoas e as coisas revelamos a pureza dentro de nós.
O princípio é este: aquele que estabelece julgamento e valor sobre as coisas e as pessoas está o fazendo a partir de si mesmo, que nas palavras de Jesus é "tradição humana", portanto, esta pessoa que assim o faz é auto-noma (si mesmo + lei). O que só faz flagar a corrupção da alma humana. Esses seres não só alardam sua feiura interior como também guaim outros a fazerem o mesmo. "São cegos guiando cegos"! Cegos pois sua visão das coisas está completamente fechada para a verdade da sua própria corrupção interior. Não há nada impuro ou puro em si, as coisas simplesmente são "coisas" e as pessoas "pessoas". Nós é que projetamos nossa "verdade" sobre as coisas e pessoas. Projeção psíquica. Mas, ao projetarmos nossa feirura para as coisas deixamos de olhar para nós mesmos, ou seja, deslocamos nossa corrupção para as coisa e para os outros. Cegos, cegos para nós mesmos e para todo o resto.
Sendo assim, podemos agora reconhecer nossas feiruras, parar de demonizar o mundo e os outros e assumir nossos próprios monstros interiores para que Deus purifique nossa alma. E em acontecendo assim, nossas consciências serão limpas e nossos "olhos" abertos para nós mesmos e para os outros. Para os que são puros cessa toda a "lei dos homens" de proibições, restrições, moralismos, etc... Vive-se então a verdade do amor, pois, se meu irmão não é um "bicho demonizado" pela minha cegueira, então eu passo a amá-lo como a mim mesmo.
Quanto mais puro for o outro, tão mais puro você é!
"Tira a trave do teu olho e então poderá tirar o cisco do olho do teu irmão... pois se a luz que há em ti são trevas, quão escuro será teu coração."
E por último, você entendeu o que leu?
Timóteo
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