Você precisa saber: a fé para vencer o "eu mesmo", o pecado e o diabo

Jesus disse a Nicodemos:

"Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que seja levantado o Filho do Homem , a fim de que todo aquele que crer tenha nele vida eterna. Pois Deus amou tanto o mundo que deu seu filho para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna "
 (João 3.14-16)

Nessas palavras Jesus revela a Nicodemos o que lhe era necessário fazer para entrar no Reino. Ele diz que Nicodemos precisava nascer novamente. E para explicar ao mestre religioso de Israel o que isso significava ele se vale de uma imagem extraída do contexto histórico-redentor de Israel, que é a imagem mencionada no verso 14 acima da serpente que Moisés levantou no deserto conforme a narrativa de Números 21. 4-9. Está escrito que o povo tomou o caminho do mar de Suf, em direção ao golfo de Ácaba, para contornar as terras de Edom. A essa altura  da caminhada o povo se revolta contra Deus e contra Moisés e, por conta da revolta, Deus envia "serpentes abrasadoras" (saraf, donde provém a designação dos seres celestiais "serafins", seres alados conforme descrito em Is 6. 2 -6, os "dragões" da antiguidade), "cuja mordedura fez perecer muita gente em Israel" (v.6). De modo que, o povo veio a Moisés reconhecendo que haviam se rebelado contra Deus, pediram que Moisés intercedesse por eles para que as saraf fossem afastadas e cessassem as mortes. Moisés intercedeu. Deus manda que ele faça uma saraf e que a colocasse numa haste, e disse ainda: "todo o que for mordido e a contemplar viverá." E assim fez Moisés. E, todo aquele que era mordido, em olhando para a saraf de bronze na haste vivia. 

Jesus se compara a essa saraf de bronze, porque? Qual a lógica implícita? Veja:

Imagine que você está lá no meio do povo e é picado por uma dessas serpentes, o veneno vai sendo inoculado em sua corrente sanguínea, contudo, antes que você morra, surge diante de seus olhos a imagem de uma serpente de bronze na sua frente e então os efeitos mortíferos da serpente que te picou cessam. A lógica implícita é a da fé! Porque da fé? Me acompanhe, leia atentamente:

Porque Deus estava revelando a lógica da fé por meio de um símbolo, a serpente na haste. E o que estava revelado no símbolo? Estava revelado que as saraf que matavam as pessoas estavam mortas. A serpente de bonze em si não tinha o poder de dar a vida, nem curar a ninguém. Tratava-se de um símbolo que comunicava a revelação de que, assim como a serpente de bronze está morta, não pode me fazer mal algum, assim também estão as saraf que trazem a morte não podem me fazer mal algum pois estão mortas, representadas, todas elas, na serpente que jaz, in-ofensiva, na haste. Deixaram de existir para aquele que olhasse para a serpente na haste.  

Você deve estar se perguntando, mas como? Qual a relação, se a serpente na haste não curava, era somente um símbolo, então, o que é que curava o povo e os livrava da morte? A fé! O entendimento de que todas as serpentes estavam mortas, Deus as havia matado na serpente de bronze. Como quem diz: "veja a serpente de bonze, está morta, não pode lhe fazer mal, assim são todas as outras, creia!". Não havia antídotos a tomar, ritos a cumprir, nada, só compreensão em fé. Compreensão de que Deus havia tornado, por Sua ação, inofensivas as serpentes que traziam a morte. Matando-as. Portanto, nem elas, nem o veneno que jazia inoculado nas veias do mordido tinham efeito algum para a morte mais. Loucura? Não, lógica da fé!

Porque Jesus se compara a serpente levantada no deserto? Jesus é a realidade por trás do símbolo, é o poder da vida e da cura por trás do bronze. Porque Nele todo o pecado, toda a morte, todo o mal que destrói o ser humano e a criação seria aniquilado, seria feito inofensivo. E para isso se fazia necessário que ele fosse "levantado", indicando sua morte de cruz. Assim como a serpente foi erguida na haste Jesus seria levantado na cruz. E em sendo morto, "levantado", todo a morte e todo o veneno do pecado perderiam seu efeito sobre o ser humano. Portanto, o que se está afirmando é que:

1. Jesus é a realidade por trás do símbolo. É Seu poder que vivifica. Foi Ele, é Ele e sempre será a convergência de todo o poder que dá a vida. Não há vida fora Dele. 

2. Ele haveria de morrer para aniquilar a morte e o pecado para todo o que Nele cresse.

3. Entenda: o poder da morte, do pecado, e do diabo acabaram na cruz. Sim, no passado. Acabaram na cruz de Jesus para quem crê. Pois crer em Jesus significa crer que eu morri com Ele naquela cruz. Crer em Jesus significa crer que Ele cessou a virulência do pecado na cruz. Crer em Jesus significa crer que todo o poder das trevas foi aniquilado, vencido na cruz.      

4. Logo, em Jesus eu venci o "eu mesmo", as pulsões viciosas do meu ser, aquilo que antes eu chamava de "mais forte que eu". Eu venci o pecado, ele não tem poder sobre mim, não há nada mais fora de mim que me encarcere, acorrente. Eu venci, na cruz, o diabo.

Isso é "nascer de novo". Ou seja, nas palavras de Paulo, "sou uma nova criação", pois na cruz Jesus criou um mundo novo do qual eu  e você somos parte, dá para entender?! Morrer com Jesus e ressuscitar  não é um conceito, ou um ideal ético, é uma realidade histórica. Na concepção dos cristãos é só mais uma maneira de dizer o que deveriam fazer e ser mas não conseguem, nem sabem como. Nem poderiam, pois não se trata de um conceito mas a aceitação do absurdo da graça pela fé! E enquanto não se abandonam à fé e ela não se instala neles como vida, são como os turistas na imagem acima, ao lado da cruz, falando da cruz, tocando a cruz sem jamais crer, sem jamais tomar da vida que dela escorre. Tetelestai! Está pago! Recebi vida nova livre do poder da morte. No entanto, para quem crê é uma realidade. Eu morri e nasci de novo, glória a Deus por seu Filho! Ele me criou do novo, do Espírito. Por isso:

"todos nós, que fomos batizados em Cristo Jesus, fomos igualmente batizados na sua morte? Portanto, fomos sepultados com Ele na morte por meio do batismo, com o propósito de que, assim como Cristo foi ressuscitado dos mortos mediante a glória do Pai, também nós vivamos uma nova vida. Se desse modo fomos unidos a Ele na semelhança da sua morte, com toda a certeza o seremos também na semelhança da sua ressurreição. Pois temos conhecimento de que a nossa velha humanidade em Adão foi crucificada com Ele, a fim de que o corpo sujeito ao pecado fosse destruído, para que nunca mais venhamos a servir ao pecado. Porquanto, todo aquele que morreu já foi justificado do pecado. E mais, se morremos com Cristo, cremos que também com Ele viveremos! Pois sabemos que, havendo sido ressuscitado dos mortos, Cristo não pode morrer novamente; ou seja, a morte não tem mais qualquer poder sobre Ele. Porque ao morrer para o pecado, morreu de uma vez por todas para o pecado, todavia, quanto ao viver, vive para Deus. Assim, desta mesma maneira, considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus. (Romanos 6.3-11 KJ)

"Se alguém está em Cristo, é nova criação: as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram coisas novas." (2 Co 5.17) Creia e assim, vença a si mesmo, o pecado e o diabo! Essa é a vida eterna, uma vida completamente nova!

Timóteo




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Daniel na cova dos leões

Diálogo - Darcy Ribeiro e Leonardo Boff

Como ovelhas sem pastor