como escapar do inferno

Leia o texto atentando ao que Jesus diz, pois, há muito tempo que você o lê sem compreender a simplicidade do evangelho dele: 

"Não penseis que vim destruir a Lei ou os Profetas. Eu não vim para anular, mas para cumprir. Com toda a certeza vos afirmo que, até que os céus e a terra passem, nem um “i” o mínimo traço se omitirá da Lei até que tudo se cumpra. Qualquer, pois, que violar um destes menores mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no Reino dos Céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos Céus. Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos Céus. Ouvistes que foi dito aos antigos: “Não matarás; mas quem assassinar estará sujeito a juízo”. Eu, porém, vos digo que qualquer que se irar contra seu irmão estará sujeito a juízo. Também qualquer que disser a seu irmão: Racá, será levado ao tribunal. E qualquer que o chamar de idiota estará sujeito ao fogo da Gheena. Assim sendo, se trouxeres a tua oferta ao altar e te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali mesmo diante do altar a tua oferta, e primeiro vai reconciliar-te com teu irmão, e depois volta e apresenta a tua oferta. Entra em acordo depressa com teu adversário, enquanto estás com ele a caminho do tribunal, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, o juiz te entregue ao carcereiro, e te joguem na cadeia. Com toda a certeza afirmo que de maneira alguma sairás dali, enquanto não pagares o último centavo." (Mateus 5:17-26 KJ)

Este texto faz parte do conjunto de ensinos de Jesus do chamado "sermão do monte", no qual Jesus passa a revelar o modo de existência no Reino dos Céus. Neste texto em particular Jesus ensina como se dá o processo de julgamento no Reino. Sendo que, esse processo de julgamento encerra duas possibilidades: a absolvição, que é a cidadania do Reino dos Céus. E a condenação, que se trata da experimentação da realidade da geena.

A Lei do Reino está em vigor: "Não penseis que vim destruir a Lei ou os Profetas. Eu não vim para anular, mas para cumprir. Com toda a certeza vos afirmo que, até que os céus e a terra passem, nem um “i” o mínimo traço se omitirá da Lei até que tudo se cumpra(Mateus 5:17-18). 

Súmula da Lei: "Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a Lei e os Profetas" (Mateus 7.12) 

Pois bem, a primeira informação que Jesus nos dá quanto ao processo de juízo no Reino é que o critério do julgamento é a observação ou a quebra da Lei de Deus. Que Lei é essa? É o modo de existência ensinado por Jesus, posto que Ele é a interpretação verdadeira e o cumprimento de toda a Lei de Deus. A Lei de Deus é uma pessoa; Jesus de Nazaré. Nele está expresso o que devemos ser e como devemos viver. Mas, como isso se dá na prática? Jesus formula a súmula de toda a Lei de Deus: "Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a Lei e os Profetas" (Mateus 7.12). Ou seja, para estar de acordo com Jesus, toda a Lei de Deus viva em amor. Isto é observar a Lei de Deus. Este é o mandamento: o amor (Ev. João 13; I João; II João; III João). Existe uma Lei, o Reino tem uma Constituição que exige que quem nele queira estar a observe, cuja súmula única é o amor ao irmão (e o irmão é qualquer pessoa, até o inimigo). Esta consciência que existe em amor é a base de todo julgamento. 

Portanto, se dá que: 

Parágrafo primeiro: Qualquer, pois, que violar um destes menores mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no Reino dos Céus; (v.19a)

Ou seja, aquele que, em sua existência, quebrar a Lei do Amor e ainda ensinar a outros a fazê-lo será chamado de menor no Reino. Duas informações muito importantes: 1) Mesmo quem quebra a Lei do Amor e por seu exemplo incita outros a fazê-lo; ainda assim estará no Reino dos Céus. 2) Este será chamado de o "menor". Será que se fará acepção de pessoas no Reino? Evidente que não, não há classificação de pessoas. Jesus está indicando que há níveis de consciência do Reino. Posto que, a consciência do Reino, a consciência de amor neste mundo é resultado de muitas variantes. Basta dizer que há pessoas que experimentam a existência em condições extremamente duras e opressoras e outras não. Teriam elas a mesma consciência de amor? Uma criança soldado em meio à guerra civil no norte africano tem a mesma consciência de amor de outra nascida em Dallas? Só o Espírito pode avaliar e pesar todos os condicionamentos que formam uma pessoa e discernir as intenções do coração.

Jesus está afirmando que, mesmo pessoas com pouquíssima consciência do Reino, mas, vivendo de acordo com a mínima consciência que possuem, estão no Reino dos Céus, são cidadãs do Reino. Como por exemplo o "ladrão" na cruz e Lázaro, o mendigo.  

Parágrafo segundo: "aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos Céus." (v.19b)

Pessoas com ampla consciência do Reino, que vivem em amor de acordo com a consciência que possuem, são cidadão do Reino. São aqueles que, em virtude de seu contexto existencial, possuem maior consciência do Reino, e que portanto, expressam na vida mais amor para com os irmãos. Estes também estarão no Reino dos Céus. É muito importante observar que a questão não é a amplitude da consciência, mas a presença dela em cada pessoa é que a qualifica como cidadã do Reino. A questão é amar de acordo com a consciência que se tem. A quem mais é dado, mais é cobrado!

Parágrafo terceiro: "Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos Céus. Ouvistes que foi dito aos antigos: “Não matarás; mas quem assassinar estará sujeito a juízo”. Eu, porém, vos digo que qualquer que se irar contra seu irmão estará sujeito a juízo. Também qualquer que disser a seu irmão: Racá, será levado ao tribunal. E qualquer que o chamar de idiota estará sujeito ao fogo da geena (inferno). (v.21-22)

Estão condenadas todas as pessoas que tendo todas as condições, acesso à informação e os recursos para viver em amor não o fizeram. Esses são os "escribas e fariseus", profundos conhecedores da Lei de Moisés, observantes das letra, contudo, negando sempre o "espírito da Lei" - o amor. Posto que, é muito fácil se valer da letra da lei para matar e subjugar o irmão ao invés de amá-lo. Inclusive, o maior álibi para não amar o irmão é sempre uma lei em nome de Deus. Quem assim procede odeia seu irmão, coloca-o na posição de morte, ou seja, quanto meu irmão não tem valor nenhum em minha consciência, não é alvo da minha consideração, sendo portanto, alvo do meu ódio (ira, cólera), do meu desdém (raccá; louco, idiota). Quem assim procede em sua existência prova não possuir consciência alguma do Reino, logo, está em total desacordo com a Constituição do Reino, o amor. Mesmo tendo todas as condições para amar, existe em ódio. Este está sujeito à condenação, ao fogo da geena! 

Que condenação é essa, a geena? A palavra "geena" é derivada do nome de um vale nas imediações da antiga Jerusalém o "Ghe ben Hinon" (Vale do filho Hinon), mencionado no livro de Josué. Veio a ser considerado um lugar maldito, pois ali os reis Acáz e Manassés introduziram a prática do sacrifícios humanos, oferecendo seus próprios filhos para serem queimados aos demônios (ver II Crônicas 33; II Reis 23). De modo que, o lugar passou a ser um "lixão", onde se queimava tudo aquilo que fosse impuro, podre, no qual o fogo se mantinha acesso pela aplicação de enxofre, para a destruição completa, este é o objetivo do fogo da geena, destruição do que é impuro. Com o tempo esse lugar passou a ser chamado "geena", uma simplificação comum na dinâmica da língua falada. 

Jesus se vale da imagem da geena para indicar que todo aquele que vive em ódio e desamor para com o irmão, primeiro: está pondo a vida em processo de apodrecimento, corrupção, impureza. A vida se torna psíquica e espiritualmente um "lixo", algo podre e impuro diante de Deus. E tudo o que é "lixo", será destruído no "fogo". Ou seja, deixará de existir. Portanto, inferno (geena) é o processo da existência que se põe no caminho da destruição pela impureza da consciência em ódios e desamores.

Parágrafo quarto: do processo de Conciliação e absolvição

"Assim sendo, se trouxeres a tua oferta ao altar e te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali mesmo diante do altar a tua oferta, e primeiro vai reconciliar-te com teu irmão, e depois volta e apresenta a tua ofertaEntra em acordo depressa com teu adversário, enquanto estás com ele a caminho do tribunal, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, o juiz te entregue ao carcereiro, e te joguem na cadeia" (v. 25) Ou seja, arrependa-se, mude o rumo da vida, compreenda que a única coisa necessária é a vida em amor de acordo com a consciência que se tem. Concilia-te com teu irmão enquanto estás no caminho com ele e serás absolvido. Deus não aceitará ofertas de pacificação (conciliação, ver Levítico referente a ofertas pacíficas), posto que, estar em paz com Deus é estar em paz com o irmão. Você é pacificado com Deus na medida em que caminha buscando a paz com os irmãos. O Reino é dos pacificadores. 

Parágrafo quinto: da Fiança no Reino dos Céus

Há como sair do inferno! Jesus afirma: "Com toda a certeza afirmo que de maneira alguma sairás dali, enquanto não pagares o último centavo." (v.25-26) Primeiro que Jesus está afirmando que é possível sair da condenação. É possível sair do inferno mediante pagamento. Como assim, indulgência? Que negócio é esse!? Primeiro que, é Jesus quem afirma! Segundo, como já explicado exaustivamente, o a geena (inferno) é a vida posta em processo de destruição. Portanto, o que Jesus está afirmando é que é possível que uma pessoa que está desperdiçando sua vida em ódios, rancores adoecedores e tormentos pode sair desse processo auto destrutivo. Como? Pagando. E a moeda no Reino não é outra senão o amor ao irmão! O pagamento é para com o irmão. Deus não precisa ser restituído, mas, as pessoas a quem você machucou, lesou e enganou sim, essas precisam ser restituídas. 

Que o Espírito vos dê entendimento!
Timóteo
  

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Daniel na cova dos leões

Diálogo - Darcy Ribeiro e Leonardo Boff

Como ovelhas sem pastor