Sobriedade




Mateus 27: 34

Jesus nos afirmou que aqueles que quisessem segui-lo deveriam tomar a cruz, instrumento de execução do ego, “o si mesmo” e segui-lo. Daí em diante passou a dizer aos discípulos que deveria percorrer o caminho da cruz. Fica claro que todo aquele que se propõe a seguir a Jesus deverá caminhar para a cruz também, não para a cruz Dele, porque pela dele ninguém mais precisará passar, todavia, a cruz Dele é modelo que fundamenta a qualidade da cruz que deverá carregar o discípulo. Quero chamar a atenção para quatro situações experimentadas por Jesus na cruz e que certamente deve fundamentar a consciência do discípulo de Jesus.

Primeira experiência de Jesus (v34): “deram-lhe para beber uma mistura de vinho com absinto; mas ele; depois de prová-la recusou a beber”. Esta era uma mistura oferecida aos condenados para lhes amenizar o sofrimento.

Jesus recusa mecanismos que possam turvar a consciência de realidade, por mais difícil ela que seja.
Existe entre nós um engano muito comum que é o de conceber a espiritualidade como um elemento de fuga da realidade. Contudo, o que observamos em Jesus e no Evangelho é totalmente oposto. Jesus está plenamente consciente das dinâmicas que o cercam, conhece a realidade das coisas. Sobretudo, nos dias mais difíceis da vida, dias de frustração, solidão e sofrimento, ficamos tentados a buscar mecanismos de fuga da realidade. No entanto, Jesus nos ensina que o poder do Evangelho em nós opera não para que possamos fugir desses dias, mas para que possamos enfrentá-los cheios de vigor, coragem, na sobriedade do Espírito. Mas, por que não fugir desses dias? Primeiro porque não há como escapar do dia mau. Eles virão, no mundo tereis aflições, Ele disse.

Segundo que esses são os dias em que temos a oportunidade de provar a vitória absoluta do Espírito da ressurreição em nós. Pois, segundo Paulo, o mesmo Espírito que ressuscitou Jesus agora atua em nós. De modo que passar pelo dia da dor consciente é tomar consciência e experimentar o poder do Espírito em nós. Que realizará em nós mais do que podemos pedir, pensar ou imaginar. É no dia da cruz que deveremos escolher entre embriagar-se com vinho ou se permitir ser cheio da sobriedade do Espírito. Portanto, no dia da cruz, não tom o vinho da fantasia, do escape, chame as coisas pelo seu devido nome, encare-as como são. Pregos não são flores, são pregos, assim como solidão não é a necessidade de uma mais uma dose, é a necessidade de perdão, de reconciliação, de encontro. Carência não é a necessidade de mais sexo, é o clamor por mais amor, mais intimidade, afeto e cumplicidade. Medo não é ausência de segurança, mas, a certeza do abandono. Enfim, as cosia são o que são e devem ser tratadas diante do Pai assim como são para que sejam vencidas no poder do Espírito que liberta nosso coração de todo laço de morte! Uma coisa é certa: Por mais difícil que seja o dia da cruz, encare-o com a sobriedade do Espírito. Pois a ressurreição tem a última palavra.

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