Cartas de amigos do Caminho

Segue as cartas de irmãos que decidiram encarar a radicalidade do Evangelho com a sinceridade e a profundidade com que ele deve ser abraçado, na totalidade da sua simplicidade e a consequente perplexidade que ele gera em nós. De modo que o que se segue é a manifestação do coração de muitos em quem o Espírito de Jesus tem se instalado e aprofundado para que com coragem e a face descoberta enfrentem as trevas das pseudo-fés para chegar a tocá-Lo para além dos véus da hipocrisia. Pois é assim que Ele disse que seria para quem quisesse de fato segui-lo, no caminho entre "eu" até eu-Nele haveria sempre a necessidade da cruz, a morte do eu-sem-Ele todos os dias. A morte de relações relativas para alçar uma espiritualidade como a de Jesus. Portanto, estas são as cartas de muitos no Caminho. Eis as cartas:

Como muitos que conheço, eu fui cristão...Deixei de ser, é verdade, mas minha saída não representa uma saída de Cristo uma vez que nele nunca estive. Deixei de ser cristão desses como os muitos que conheço, deixei de admitir que era possível viver uma mentira chamando-a de verdade infinitas vezes até que, em minha loucura, passasse a ser. Deixei de ser cristão porque reconheço em mim incapacidade de enxergar o que não se revela ou se revela por intermédio de outros cuja sanidade me parece questionável. Cristo, o bíblico, pede muito, é preciso saber disso...a escolha em segui-lo não é uma escolha simples, ao contrário, é construída com muito esmero para que seja demasiadamente pesada, a ponto de não ser possível a execução desta tarefa sozinho, sem ele. Sendo assim, não deveria ser tratada como algo que se possa fazer em uma tarde tediosa de domingo, não é!
Alguns me perguntam se não tenho medo de ser tudo verdade e ele, de repente, aparecer e eu não estar em sua lista, mas quando olho para estes que escolhem dar sua alma à alguém que não conhecem, que agem como tolos vendendo seu próprio ser pela esperança de um convite VIP em uma pseudo-festa celestial, sinto que será preferível encontrá-lo em uma posição honesta, dizer: não me entreguei porque não entrego minha alma, esta que tu me destes, a qualquer um que não conheço e, infelizmente, não te conheci, nem diretamente, apesar das inúmeras vezes, que como Tomé pedi para ver suas chagas, nem te vi naqueles que dizem te seguir (não que isso teria sido suficiente para mim). Se o mundo é regido por esse Deus, sádico, egocêntrico, que prefere um culto hipócrita à uma verdade cruel, eu não quero passar a eternidade com ele. Sobre ser como Tomé, eis minha reflexão, diz-se que bem aventurados são os que não viram e creram, pois eu não ligo para bem-aventuranças, pois enquanto uns são bem-aventurados, Tomé foi o único que tocou no Cristo ressuscitado, às favas com os privilégios, nenhum outro poderia ser maior que este. Não ligo de ser chamado por baixos nomes ("incrédulo", "ingrato", "ignorante", etc), afinal, se Cristo for real, eu com certeza sou isso tudo e, apenas, pela graça, posso ser alcançado!  
                                                                                                                              

Rafael Zerunian


Caros amigos de caminho, eu também tive razões para alimentar tal convicção, e, se alguém julga que tem motivos para confiar em moral religiosa como mérito pessoal, eu ainda mais: circuncidado no oitavo dia de vida, filho da descendência de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à Lei, fui fariseu; quanto ao zelo, persegui a Igreja; quanto à justiça que há na Lei, irrepreensível. Todavia, o que para mim era lucro, passei a considerar como prejuízo por causa de Cristo. Mais do que isso, compreendo que tudo é uma completa perda, quando comparado à superioridade do valor do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por quem decidi perder todos esses valores, os quais considero como esterco, a fim de ganhar Cristo. (Fl 3:4s)

Passei a conhecer o caminho excelente... O amor é paciente; o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, nem é arrogante. Não se porta de maneira inconveniente, não age egoisticamente, não se enfurece facilmente, não guarda ressentimentos. O amor não se alegra com a injustiça, pois sua felicidade está na verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.O amor jamais morre; Porquanto em parte conhecemos; quando, no entanto, chegar o que é perfeito, o que é imperfeito será extinto. Agora, portanto, enxergamos apenas um reflexo obscuro, como em um material polido; entretanto, haverá o dia em que veremos face a face. Hoje, conheço em parte; então, conhecerei perfeitamente, da mesma maneira como plenamente sou conhecido. (1Co13
                                                                                                                                      
Paulo


Grato pelos amigos da fé
Timóteo

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