40 dias com o Espírito - dia 07: Reconciliação
Meditação (Mateus 5:20-26)
Este é o sétimo dia. Prepare-se para fazermos a
viagem de descida ao coração, isso significa que atravessaremos o deserto de
nossas almas. Jesus nos dá o itinerário para essa viagem no Sermão do Monte.
Ele diz aos seus discípulos que a espiritualidade deles deveria “exceder em
muito” à espiritualidade das pessoas mais religiosas de sua época. Pessoas que
amavam a Deus e eram estritamente rigorosas quanto ao cumprimento das tradições
e leis morais e religiosas. Como poderia ser isso? Jesus
afirma que a religião dos mestres religiosos consistia em práticas que se davam
apenas na esfera exterior, eram esforços comportamentais, auto regulações
morais. Certamente esses esforços religiosos demandam um tremendo trabalho psíquico
na tentativa de reprimir impulsos, adequar os desejos da alma às convenções sociais e religiosas. Sobretudo, quanto dilacerante para o
ser é dedicar-se ao trabalho de atender às próprias exigências culposas geradas
pela crença de que necessita fazer merecer o amor de Deus. Isso faz da
vida um inferno de pressões internas, desejos desordenados, culpas inomináveis,
resultando em um estado raivoso, irado, consigo e com os outros. Até por isso
Jesus chama essa espiritualidade de “fardo pesado”. De modo que, ao chamar seus
discípulos a avançar para além da espiritualidade dos religiosos ele estava os
convidando para uma espiritualidade que fosse para além apenas do labor físico
e mental na tentativa de adestrar o ser. Ele convida seus discípulos para a
jornada para dentro, em direção ao monte do coração. Pois é lá que o Reino
de Deus acontece em primeiro lugar, no centro do ser, no lugar mais profundo,
no secreto. Ele se assenta, seus discípulos o rodeiam, e então ele passa ensinar
o caminho de santidade que havemos de passar em direção ao encontro com Deus no
coração. Caminho que Ele pode ensinar porque, como homem, o fez guiado pelo
Espírito. A primeira
parada a que Ele nos convida é a da reconciliação. Reconciliação é o oposto da ira. Nós nos iramos quando nossa
vontade é frustrada. Nos damos o direito de nos levantarmos raivosamente contra
quem de alguma maneira obstrui nossa ideia de felicidade e nossas expectativas.
Um segundo momento da ira, que é ainda mais pernicioso e sutil que a raiva, é o
desprezo, ou desconsiderar o irmão. Isso, sem dúvida é pior que a raiva. Pois a
raiva a mim dirigida ainda afirma minha presença, nem que seja como presença
indesejada. No entanto, o desprezo aniquila a identidade. De maneira que, para Jesus a primeira questão que devemos discernir é: como nos relacionamos
com nossos irmãos quando eles que frustram nossas expectativas? Jesus nos ensina que, se permitirmos ao Espírito que nos conduza,
ele nos ensinará a nos relacionarmos em reconciliação mesmo quando frustrados. Ou
seja, não haverá nada que o meu irmão faça que altere quem ele é em mim, pois o Espírito do Pai me habita, é o fundamento do meu ser, meu DNA. E para o Pai,
todos os filhos são especialmente amados. O Espírito revela, comunica ao nosso coração como o Pai vê seus filhos, de modo que passamos a enxergar da mesma
forma. Assim, mesmo quando feridos, traídos ou abandonados, nossos irmãos encontrarão uma expressão do amor do Pai. Reconciliar é trazer de volta ao conselho, à
mesa, à intimidade amorosa. É na mesa que Jesus declara que se dá em amor como
alimento aos seus irmãos que o haveriam de trair e abandonar. O Espírito
prepara uma mesa na presença de nossos inimigos, ou seja, Ele instala em nosso coração um
banquete de expressão de perdão e amor para com nossos irmãos, mesmo quando eles agem de modo que nos
fere. Para que, em se alimentando do amor do Pai manifesto em nós possam ser
curados, vivificados e também se tornem pão na mesa de outros irmãos.
Reflexão
1
Jesus
não manda que façamos assim, ele sabe que é impossível a nós realizarmos tal
existência amorosa por nós mesmo (voltaríamos ao caminho dos religiosos). O que
Jesus nos revela é que a possibilidade, o Reino, já está entro nós. Por isso se
ouvirmos o Espírito, Ele nos ensinará a viver em santidade amorosa. Ouça o Espírito
quando se sentir ferido ou frustrado por alguém, numa conversa, peça a Ele para
ouvir e ver com os olhos Dele, para entender o que Ele está fazendo naquele
exato momento.
Oração:
“Tu és o pão que se deu por amor de nós. Eu sou contigo pão, podes me partir em
favor dos meus irmãos.”
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