40 dias com o Espírito - dia 08: Cirurgia Espiritual

Meditação (Mateus 5:27-32)

Na Lei de Moisés está escrito: “não desejarás a mulher do teu próximo”. Jesus, porém, entrando no ambiente do coração, diz: “qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura em seu coração já adulterou com ela”. O mandamento da Lei citado se refere à seção da proibição de desejar os bens de um outro (naquela sociedade a esposa era, sobretudo, propriedade do marido). Essas palavras de Jesus são extremamente estranhas para pessoas do nosso tempo, no qual o desejo é tomado como sendo absoluto. Como se fosse uma força quase divina sob a qual estamos à mercê. Mas Jesus vai no sentido oposto dessa ideia e diz: “se teu olho direito te leva a pecar, arranca-o e lança-o para fora de ti”. Que palavras revolucionárias! Primeiro por que, de acordo com Jesus é "meu olho"  que me faz desejar o que não resulta em vida e paz. O olhar é a maneira como enxergamos a existência. É o órgão interpretativo da nossa história. Jesus está dizendo que a maneira como interpretamos nossa história nos leva a pecar. O desejo é resultado de uma relação de carência e resolução. Nós  desejamos aquilo em que nos vemos carentes. Portanto, se enxergamos nossa história como uma narrativa de carências não supridas, perdas e dor, naturalmente nosso olhar se empenhará na procura de reparação a tais lacunas e feridas. O desejo  se fundamenta em buscas reparativas. Ao nos sentirmos carentes nossos olhos nos levarão a buscar reparação de inumeráveis maneiras, que podem mudar no decorrer do tempo.  O olhar pecaminoso é aquele se torna compulsivo em saciar-se mesmo com prejuízo do irmão (o marido e a esposa traídos no adultério). Sobretudo,  busca se resolver consumindo o irmão (a mulher tornada objeto de desejo). É muito interessante que Jesus não nos manda parar de olhar. Ele ensina que o "olho" adoecido deve ser arrancado de nós.  Ou seja, devemos nos libertar das interpretações falsas sobre nós mesmos. Devemos resignificar nossas narrativas à luz da verdade. Em segundo lugar, um desejo adoecido, compulsivo, pode ter sua fonte detectada, identificada e nomeada. Ou seja, é possível detectar qual a falsa narrativa tem nos feito desejar o que desejamos. O Espírito visita nossa história conosco, lança luz e nos revela a verdadeira história e a perfeita vontade amorosa de Deus em nossa existência. Em terceiro lugar: devemos exercer papel ativo no processo. Confiar em Jesus e permitir que ele nos conduza. Pois hoje é o momento no qual Ele nos pede que nos desfaçamos das coisas que desejamos e que aparentavam suprir nossas carências,  e nos davam sensação de vida e sentido.  “Tira você” é o que ele diz. Certamente que ele não nos deixa sem "olhos", pelo contrário, nos dará plena visão.

Reflexão

Você consegue identificar desejos que se fundamentam em falsas narrativas em sua jornada?

Se você percebe que é momento de iniciar o processo de abandono dessas falsas narrativas procure um irmão maduro na fé e busque aconselhamento, ele te ajudará a discernir a direção do Espírito nessa jornada.


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