Liberdade da alma
“Afim de que todos sejam um. Como Tu, Pai, está em mim e eu em Ti, que eles estejam em nós"
(oração de Jesus ao Pai – João 17.21)
A vida com Jesus de fato é uma caminhada, aliás era assim que os primeiros “cristãos” se referiam à sua nova vida de amor, partilha e fé, “o caminho”. Que nada mais era do que resultado existencial da opção por levar a vida pregada e vivida por Jesus de Nazaré.
Jesus havia dito que todo aquele que optasse por viver segundo o que ele viveu e pregou teria o suporte, o auxílio do seu Espírito, ensinando, revelando a verdade, consolando, fortalecendo, etc.
E o objetivo e o fim dessa caminhada é existencial, ou seja, o objetivo é “ser”. Assim como Jesus afirmou que tudo o que ele realizava era o Pai que por ele o fazia, nosso objetivo é que nosso querer e realizar seja a ação de Jesus em nós. Nas palavras de Paulo, “Deus quis tornar conhecido o mistério oculto desde os séculos e das gerações... Cristo em nós...”. Logo, o fim dessa caminhada é que “vivo não mais eu, mas, Cristo vive em mim”.
Portanto, o objetivo é ser um com Jesus a ponto de que Ele seja a expressão única e máxima do meu ser. O que pode ser realizado por meio do Espírito de Jesus em nós.
E isso é importantíssimo para a libertação das nossas almas pela seguinte consequência óbvia: Eu sou livre da necessidade de me construir!
Lógico, ora, não sou mais eu quem vive, mas é Ele, Jesus que vive em mim, portanto, eu não tenho a necessidade de ser nada nem ninguém, pois Ele é em mim o que ele bem entender.
Sendo assim, eu não preciso ser nada além do que o Espírito de Jesus não for em mim. Não preciso ser religioso, não preciso ser uma "capa moralista", não preciso ser a encarnação das leis religiosas, não preciso ser a projeção das expectativas de ninguém, sejam elas religiosas, sociais, econômicas... Não preciso ser nada que Jesus não for em mim.
Não preciso ser protestante, não preciso ser católico, não preciso ser budista, não preciso ser espírita para estar com o Pai, porque Jesus não foi nada disso, logo, eu não preciso ser. Eu sou e serei somente o que ele foi, serei somente o que ele é em mim. Simples assim, isso é Graça!
Sendo assim, não sedo às pressões capitalistas por ter para ser. Não preciso ser-doutor-diploma, ou ser-trabalho-de-sucesso, ser-o-carro-novo, ser-a-roupa-da-moda, não preciso ser o ser-fazer-o-que-todos-fazem. Ou seja, meu ser não se define por nenhum tipo de "pressão" externa.
Tampouco colocarei sobre os meus ombros "leis" existênciais religiosas para ser algo que não sou. Não vou fazer cara de crente, não vou falar o "evangeliquês", não vou gritar "oh glória!"... não serei nada que Jesus não for em mim, porque eu não preciso, nem devo ser nada, importa que Jesus seja tudo em mim, e só ele seja.
Quando Jesus vive em nós não nos preocupamos com a relação sucesso-fracasso. Mesmo que houvesse tal relação, não estaria em nossas mãos tal responsabilidade.
Minha única responsabilidade é a de descançar Nele! Porque Ele é.
Então relaxa vai... para de perguntar qual é o propósito da vida, o que você tem que fazer da sua vida, ou ainda quem você é... E se eu te disser que você está no mundo simplesmente para descançar Nele.
Não! não estamos no mundo para sermos nem para fazermos. Não viemos ao mundo com uma missão. Nem para sermos algo que não sabemos ainda. Existimos para que Ele, Jesus, seja tudo em nós e tudo faça por meio de nós.
Não é fácil para mim escrever essas coisas, vivo numa sociedade existencialista (graças a Sartre) e na qual o protagonismo (eu sou o ator principal da minnha vida) é a tônica em toda as áreas, e ainda, uma soiedade na qual a espiritualidade é marcada por performances religiosas de acordo com o script-gospel. O sistema desse mundo diz que somos livres para ser... mas a verdade está para além disso, nós somos livres das auto produções para que Ele seja em nós!
Ainda há muito a dizer a esse respeito, mas vou deixar que o Espírito fale o que não está escrito.
Timóteo
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