exilado



Encarcerado.

Instintos como grades,

desejos como guardas,

muros de certezas.

Há paz no silêncio da ignorância,

mas, não há liberdade.

Que importa a liberdade para quem só faz o que quer

sem querer saber por que quer?

Ah, se conseguisse ao menos chorar!

Chorar as bicas, sem parar, até ficar sem forças.

Isso daria a meu exílio algum sentido,

e pelo fato de haver algum sentido, algum consolo.

Contudo, não há nenhum nem outro.

Ah se eu conseguisse chorar...

Meu nome eu tomei emprestado,

As roupas não são minhas.

As palavras, eu as ouvi de alguém,

e são só as que eu sei.

Nem sei se sei falar,

e em que língua eu falaria.

Até porque “eu” é coisa que não existe.

“Eu” é o país do exílio.

Preso em mim,

De mim quero fugir de barco

para abraçar quem sou.

Nem que for só para chorar.

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