Aos olhos de Deus

Senhor, Tu me sondas e me conheces.

Sabes quanto assento e me levanto,

De longe conheces todos os meus caminhos.



Examinas o meu andar e o meu deitar,

Todos os meus caminhos são bem conhecidos de Ti.

A palavra nem me chegou á boca

e tu já a conheces por inteira.



Tu me cercas por trás e por diante

e sobre mim põe tua mão.

Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim,

tão elevado que não posso alcançá-lo.



Para onde fugirei do teu espírito,

Para onde irei da tua presença.

Se subo aos céus lá tu estás,

Se desço ao mais profundo da sepultura,

lá te encontro.



Se tomo as asas da alvorada

para habitar nos limites do mar

até ali a tua mão me guiará, a tua destra me susterá.



Se eu disser: que as trevas me cubram,

e que a escuridão me rodeie,

de nada adiantaria, pois

não há trevas para ti.



Tu vistes ainda no ventre de minha mãe,

quando eu era somente um embrião,

de modo maravilhoso me formaste. (alusão, minha, livre ao Sl 139)



Essas são as palavras do salmista, mas os sentimentos são da alma, de qualquer alma. O conhecimento que a alma dele tem do conhecimento que Deus tem da alma dele. Complicado? Não... de modo simples, nossa alma sabe que somos conhecidos de Deus de forma tão clara e límpida como alguém que olha por através de um véu d'água, é assim que Deus nos vê. Bem, nossa alma sabe disso, nossa consciência é que demora para entender que somos um eterno flagrante diante de Deus.



Houve um dia em que me levantei ainda bem cedo e não tinha ninguém em casa. Decidi então que iria tomar café da manhã com Jesus... Bom, fiz o café, preparei a mesa, me sentei à mesa como um garoto que vai almoçar pela primeira vez na casa da primeira namorada, rodeado por toda a família da amada... imagine! Lá estava eu, cheio de pompas e cuidados, atentos aos menores movimentos, passando a margarina no pão como quem acariciava uma rosa, pondo o café na xícara como quem serve a um rei. Quando, de repente, ouvi uma voz muito clara e contundente que brotava do mais profundo da minha alma, dividindo meu ser como um feixe de luz no meio da noite e que dizia: “Eu te conheço.”



Essa sentença me invadiu a mente, tomou minha consciência, então eu percebi o que estava fazendo , mesmo inconscientemente, estava me “maquiando para Jesus”, na intensão de me fazer digno de me assentar à mesa com ele por meio de ferramentas psicológicas e comportamentais, ou seja, um auto-engano, pensando que Jesus também poderia ser enganado ou impressionado pelas minhas performances diante dele naquela mesa.



E, então ele me diz: “Eu te conheço.” Comecei a chorar na mesa, sozinho. Jesus me fez consciente da graça, do amor e do perdão que eram simbolizados naquele momento por compartilhar daquela refeição com ele, muito embora ele me conhecesse. E aí estava a percepção que me invadia a alma como a luz do sol que entra pela janela da sala sem pedir licença: Ele me conhece irrestritamente e ainda assim me ama e se assenta comigo.



Ora, não há ninguém no universo criado e não criado, nas realidades visíveis e invisíveis que seja digno da presença de Jesus. Mas, Ele, por amor se assenta com todos, indistintamente. Todavia, a religião e a vida longe de Deus nos faz tão inconscientes Dele que até quando oram, as pessoas se mostram inconscientes de seu eterno conhecimento de quem somos, então elas dizem: “agora em tua presença...”, ou, “entramos na tua presença...”. Insensatos, estamos sempre na presença Dele.



De modo que o conhecer de Deus para mim é pura expressão e consciência de amor e graça. E não motivo de medos e neuroses religiosas do tipo “Olha, Deus tá te vendo hein!”... Pois que me veja o Todo Poderoso e o Eterno das Eras, pois tenho certeza que nada, nada, nada pode me separar do Seu amor por mim! Aliás Aquele que poderia fazê-lo resolveu me amar.



O conhecimento de Deus para os filhos da religião é medo. Para os filhos de Deus é puro amor que toma nossa alma como o perfume de café fresco em manhã de domingo!


Timóteo

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