Dons: manifestações da Graça

Há muito barulho em relação aos dons espirituais e pouco, pouquíssimo conhecimento a respeito da verdade bíblica sobre o assunto. Por esse motivo apresento neste texto os princípios bíblicos apresentados pelo apóstolo Paulo em sua primeira carta aos coríntios, na qual ele, ensina sobre os carismas. Vejam
os:

“A propósito, referente às coisas que são do Espírito, irmãos, não quero que estejais na ignorância.  
Por esse motivo, faço vocês saberem, ninguém em [o] Espírito de Deus se manifesta, diz: ‘Jesus é anathema’. E ninguém é capaz, de si mesmo, dizer: ‘Jesus é senhor’ se não em [o] Espírito santo.
Há distinção [diairesis] de dons [charismaton], mas o mesmo Espírito.
Distintos ministérios [diakonion], mas o Senhor é o mesmo.
Distintas produções [energematon], mas o Deus é o mesmo que produz [energema] tudo em todos.
Mas, cada manifestação do Espírito é dada para a utilidade de todos .” (I Co 12.1-7, tradução livre)

Antes de nos atermos ao texto propriamente dito é necessário falarmos um pouco a respeito do contexto histórico-social da cidade de Corinto para que tenhamos melhor entendimento das implicações textuais.

Corinto era uma cidade localizada a nordeste no Peloponeso, nos tempos de Paulo a cidade representava um dos principais portos comerciais que ligava o oriente ao ocidente.  Era portanto uma importantíssima cidade marítima e comercial, o que lhe conferia uma grande  circulação de pessoas de todas as partes e com isso também uma ebulição de idéias, conhecimento, crenças, teologias. Enfim, corinto era uma cidade cosmopolita, famosa por suas cerâmicas (por esse motivo Paulo fazer alusão aos cristãos como "vaso de barro", pois que valor há em vasos de barro comparados ás cerâmicas elaboradas dos corintos?). Essa grande movimentação humana trazia a corinto uma enormidade de "deuses", espiritualidades das mais diversas e tipos de cultos variados, em sua maioria orgíacos e de mistérios com ênfases nas experiências extáticas (de êxtase). Havia em corinto o templo de Apolo, enorme, suas colunas podem ser vistas ainda hoje (imagem acima). A cidade abrigava também o templo de Afrodite, no qual, segundo Sargão, oficiavam como sacerdotisas, mil prostitutas cultuais. Elas desciam do Acrocorinto, parte mais alta da cidade, onde estava localizado o templo, para seduzir os homens, vinham com suas cabeças descobertas (por isso Paulo diz às mulheres cristã de Corinto que era de bom tom que usassem o véu, pois desta forma não seriam tomadas por prostitutas, ou ainda, não estariam se mostrando na mesma atitude  de sedução). O permissividade sexual era tanto cultual como cultural, tanto que as doenças venéreas eram chamadas de "doença coríntia", "corintianizar" era sinônimo de orgia sexual, "donzela coríntia" era o mesmo que prostituta.

A grande maioria dos cristãos de Corinto eram provenientes deste caldo cultural e religiosos regado a muitos ídolos, êxtases 'espirituais', muita sobrenaturalidade, misticismo e sexo. E, quando passam a experimentar a vida em comunidade de jesus, trazem ainda consigo muito das antigas estruturas mentais e de suas práticas religiosas. Muito embora, agora, cristãos, mas suas mentes estavam condicionadas á religiosidade pagã e idólatra. Tinham saído do paganismo mas, o paganismos não tinha saído deles. Viviam, portanto, uma religiosidade condicionada as formas de religião que conheciam anteriormente. De modo que, tentavam amalgamar as antigas práticas á nova realidade de sua fé cristã. Queriam realizar uma espiritualidade 'flex'.

Por esse motivo a igreja em Corinto apresentava graves problemas, divisões, litígios (irmãos levando uns aos outros a tribunais), um caso de incesto, jovens que não estavam sabendo lidar com sua sexualidade diante de um contexto sexual tão opressor (abrasados), eram cristãos orgulhosos, haviam e seu meio muita injustiça (o que era possível perceber na ceia).

No entanto, o que impressiona em tudo isso é que paulo afirma no primeiro capítulo que essa era uma igreja na qual não faltava nenhum dom (cap1:7). Ora, uma igreja na qual não lhe falta nenhum dom não é uma igreja espiritualmente sadia. A resposta é NÃO. E porque não? Porque a presença dos dons não indica espiritualidade sadia. O que indica uma espiritualidade sadia é o modo como os dons são utilizados. Dons não indicam 'santidade', ora, se são dons significa que são recebidos de Graça é uma condição daqueles que estão em Cristo, receber dons, de maneira que tê-los não significa intimidade com Jesus e seu Espírito.

Após esta introdução tem muito mais para vermos, vou parando por aqui para não tornar extenso demais o texto. Continuamos...

Timóteo Ferreira Santos

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